É comum ver, nos dias que antecedem ou durante as folias de Momo, crianças,
adolescentes e adultos fantasiados de urso pelos bairros da periferia do Recife e região metropolitana, entoando versos da famosa marchinha de um dos símbolos mais tradicionais do carnaval pernambucano: “A la ursa quer dinheiro, quem não dá é pirangueiro”.
Com características próprias e típicas de Pernambuco, essa agremiação carnavalesca, que tem origem na Europa, abraçou simbologias do estado e, hoje, só existe no carnaval de Pernambuco.
O urso é a figura central da apresentação. A fantasia geralmente é um macacão
feito de estopa, pelúcia, veludo, agave, retalhos costurados ou amarrados em forma de tiras. A máscara quase sempre é produzida com papel machê. Preso por uma corda e segurado pelo domador, a figura sai ao som de sucessos carnavalescos, xotes, baião, polcas e xaxados, fazendo a alegria de quem a assiste.
Uma caixa de papelão, uma lata, um cabo de vassoura e um balde podem fazer
parte dos “instrumentos” que compõem a brincadeira formada nos subúrbios. É preciso barulho para chamar a atenção do público por onde o grupo passar. No improviso da batucada, eles pedem dinheiro, uns trocados para curtir a festa mais popular do Brasil, como diz o trecho da marchinha acima. E quem não der é pirangueiro.
(Foto: Hugo Muniz)
Nos desfiles mais elaborados, o urso é acompanhado por uma orquestra que geralmente é formada por sanfona, triângulo, pandeiro, bombo, ganzá, reco reco, violões e até trombones.
A La Ursa foi trazida ao Brasil por imigrantes italianos. Aqui no estado, se
desenvolveu sob as características do nosso povo e se entregou como uma representação popular do folclore carnavalesco nordestino. Um homem fantasiado de urso, um domador e um caçador com uma espingarda são personagens da encenação, que interpreta os primeiros domadores de ursos do Leste Europeu no século XIX. Naquela época, domadores itinerantes percorriam as praças da Europa para arrecadar dinheiro com espetáculos que “faziam o urso dançar”. Uma grande apresentação a céu aberto. Aos poucos, essa profissão, que muitas vezes era associada a ciganos devido ao estilo de vida nômade, foi ganhando adeptos nas regiões mais montanhosas do continente, como a Itália.
Os italianos tiveram uma importante contribuição na vida social desde a chegada ao Brasil. Acredita-se que a brincadeira com o urso ocorreu pela forte presença de números circenses com o animal na península ibérica. Contudo, até hoje, há diversas interpretações de como teria acontecido, de fato, a influência desses elementos no imaginário do carnaval pernambucano.
A brincadeira da La Ursa tem um papel fundamental na inserção de crianças e
jovens no universo da cultura popular. Além da valorização e preservação, a tradição se perpetua entre as gerações e fica cada vez mais viva no imaginário dos foliões pernambucanos. Não à toa, a máscara utilizada virou um ícone, está estampada em quadros, decorações, camisas e até na pele, como tatuagem.
(Foto: Anderson Freire)
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6 comentários
Renato Barros Barbosa
Na Paraiba acontece em várias regiões. Vamos melhorar essa pesquisa
Eliane
Eu sempre tive no minha vida a La Ursa como símbolo do carnaval de Pernambuco. Suas presenças nas ruas fos bairros maus populares causavam muita alegria e medo pelas crianças. Graças a mídia está maravilhosa tradição cultural esta ganhando mais respeito e visualização tirando a La Ursa da marginalização. La Ursa e é sempre será muito forte no Carnaval de Pernambuco. Agora ela foi respeitada e reconhecida.Antes tarde do que nunca.“A La Ursa quer dinheiro,quem não dá é pirangueiro” Evoe Pernambuco ,sua filha agora e cult!
António Sousa
Pelo que vou sabendo deste interessante assunto, o “a la ursa”, afrancesamente do “à maneira”, ser antes “ala urso”, significando exactamente “grupo”, ou “parte” do percurso carnavalesco. Quanto às origens, dado a colonização de Pernambuco e Paraíba ser, no seu âmago, portuguesa, e tendo em atenção ao fatos usados, em tudo semelhantes aos dos “carentos” de Trás-os-Montes, diria ser o costume originário de Portugal. Em abono desta perspectiva, recordo que o último urso abatido no Minho datar de 1843. Isto é, no imaginário popular, a realidade dos ursos não estava muito distante do inúmeros minhotos que partiram para o Brasil em demanda de fortuna e melhores condições de vida.
Adriana Torres
Essa caracterização é de origem ibérica.
Watteau Ferreira Rodrigues
Existe na Paraíba e em João Pessoa, um forte movimento de “A La Ursa” com uma Associação Paraibana de A La Ursa, que congrega 22 blocos só em João Pessoa. Em Agosto de 2023, será realizado, na Capital Paraibana, o “I Festival Paraibano de A La Ursa”.
jhulia.17057329@aluno.educa.rec.br
Ok é muito legal