Nas obras de Castanha, a matéria ganha nova vida. Utilizando placas de ACM reutilizadas, o artista resgata materiais destinados ao descarte — restos da paisagem urbana — e os transforma em suportes poéticos para sua criação. Com uma broca de dentista como instrumento expressivo, ele grava diretamente na superfície metálica, esculpindo formas e narrativas a partir da subtração.
Cada traço é uma escavação sensível sobre o que já foi funcional, agora ressignificado como arte. A técnica, ao mesmo tempo precisa e intuitiva, revela um diálogo entre o industrial e o humano, entre o descartado e o precioso. O gesto de reaproveitar não é apenas uma escolha estética, mas um ato consciente de transformação — onde o que seria lixo urbano se converte em memória visual e permanência.
Castanha propõe, assim, uma reflexão sobre o tempo, o consumo e a beleza que ainda habita o que foi deixado para trás.