Nas últimas décadas, a preocupação com o meio ambiente cresceu significativamente entre os povos do mundo todo. Os impactos de algumas ações humanas nocivas ao planeta têm gerado inúmeros debates sobre quais soluções seriam possíveis para minimizar este problema crescente. E o debate em questão não acontece apenas nos grandes centros de pesquisa ou em ambientes acadêmicos. A pauta também chegou ao universo do empreendedorismo.
Com isso, uma nova modalidade no segmento tem, ao longo dos anos, acompanhado as discussões acerca do tema com o mesmo objetivo: conscientização e responsabilidade ambiental. É o empreendedorismo sustentável.
É notável que o mercado empreendedor tem procurado por iniciativas mais sustentáveis, como mostra os dados de uma pesquisa realizada pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). Na pesquisa, 61% das pessoas afirmam que mudariam o estilo de vida em benefício ao meio ambiente e 70% pagariam mais caro por produtos que não causem danos à natureza.
Mas, afinal, o que é ser um empreendedor sustentável? Para entender melhor e se adequar à iniciativa, não precisa de tanto assim. Bastam apenas algumas atitudes que fazem a diferença. Reutilizar materiais como o papel, entender que nem todos os aparelhos do local precisam estar ligados, estimular a coleta seletiva de lixo e educar sobre o desperdício de água são exemplos práticos de como a instituição pode ter, em sua essência, atitudes sustentáveis.
Foi valorizando estes princípios que Paulo Cezar Beltrão, empresário com 15 anos de experiência na indústria de calçados, decidiu fazer algo novo, diferente do habitual. “Sempre gostei da área de desenvolvimento e inovação. Nos últimos três anos resolvi agregar esse conhecimento ao segmento de calçado artesanal. Juntei materiais rústicos, como esteira de mineração, sola de materiais reciclados e outros produtos que tivessem dentro de um conceito regional. Eu queria dar aos calçados modelos confortáveis com materiais de qualidade, utilizando processos industriais, sem tirar a característica do artesanato”, disse.
Além da criação de calçados e bolsas que ficam por conta de Paulo e sua equipe, os seus produtos evoluíram para algo bastante interessante e criativo. A partir de um proposta que recebeu do Sebrae, Paulo foi desafiado a criar um produto onde o foco seria sustentabilidade e consumo consciente. Não deu outra. Paulo foi influenciado por uma matéria de jornal televisivo que falava sobre uma empresa no Japão que reutilizava peças de roupas jeans na produção de casacos.
Amadureceu a ideia e inovou. Criou sapatos feitos com jeans. “Há muito tempo atrás eu tinha um monte de calças minha e da minha família que não serviam mais e eu sempre procurava o que fazer com elas. Resolvi fazer um sapato. E dessa ideia já saiu sapatilha, sandálias, tênis e botas. Eu tenho um estoque na minha casa de peças que não servem mais”, comentou.
Tecidos e mais tecidos. Tesouras, cortes, moldes e costuras. A produção que vem de Juazeiro do Norte, no Ceará, diretamente para Artes Imaginário Brasileiro é repleta de princípios, valores e desejos. E é isso que Paulo carrega junto ao seu trabalho de pesquisa e modelagem dos calçados. Acreditar em fazer o que gosta com um propósito é o fio condutor para o sucesso. “É muito gratificante, saber que você faz parte de um pequeno grupo preocupado com o planeta. O mercado é que ainda não está muito preparado”, completou.
Você pode encontrar o modelo clicando aqui.